Televendas agressivas

Se outro dia vos dizíamos para responderem aos telefonemas de televendas com muitas perguntas e já vos tínhamos aconselhado a não assinar nada sem ler, hoje digo-vos para não aceitem nenhuma “oferta única” ou “oportunidade imperdível” sem que vos deixem ler o contrato.

As televendas estão cada vez mais agressivas em Portugal. Já quando começaram as ofertas de energia fora da tarifa regulada recebi chamadas mais agressivas de quem queria angariar novos clientes. A competição e as dificuldades financeiras de quem nos liga ditam da agressividade do vosso interlocutor na outra ponta da chamada, mas não se deixem intimidar.

A chamada começa de forma cordial, mas acaba sempre no momento agressivo da venda. O interlocutor vai insistir no seu objetivo: comprometer-vos. O interlocutor quer que digam que aceitam a oferta sem vos enviar o contrato que terão de assinar:

  • Vai dizer-vos que tudo o que precisam de saber vai ser dito naquela chamada;
  • Vai dizer-vos que estão a perder uma oportunidade que através daquela chamada terão acesso;
  • Vai dizer-vos, ainda que de forma velada, que não entendem tanto do negócio como ele porque ele trabalha no negócio;
  • Vai dar-vos a entender que ele sabe tudo o que há a saber soube a oferta, e que não há nada demais no contrato;
  • Vai insistir que não há qualquer problema porque fica tudo gravado.

Mas agora pensem bem:

  1. Se a oferta é assim tão boa, porque insiste ele a dar-vos de graça?
  2. Se não há nada demais no contrato, porque não vos deixa ler?
  3. Se houver litígio, um soluço que não seja do vosso agrado, quem tem a gravação e que razão têm ele para vos dar acesso a algo que o comprometa?

O que se passou com o leilão da DECO devia servir de lição a todos: Uma oferta única, irrecusável, que tinha de ser subscrita atempadamente, com condições finais que só iremos saber mais tarde, foi batida em menos de nada por um concorrente que nem foi a jogo.

Nenhuma oferta de televenda vai desaparecer no final da chamada. Oiçam. Registem os pontos que determinam a vossa escolha. Comparem com mais ofertas do mercado. Haverá sempre uma oferta que se adapta aos vosso critérios de melhor decisão.

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  1. “O que se passou com o leilão da DECO devia servir de lição a todos”

    Esta frase poderá induzir em erro os mais distraídos, pois na questão do leilão da deco, apesar de a inscrição ter que ser anterior à oferta (parece-me óbvio, pois a própria oferta deveria ter variado de acordo com o número de inscritos, apesar de na prática não ter sido, tendo em conta a fraca oferta “vencedora”), é tudo totalmente voluntário até à assinatura do contrato, ninguém é obrigado a aderir, sem quaisquer penalizações.

  2. Tiago, a frase “O que se passou com o leilão da DECO devia servir de lição a todos” é para chamar à atenção para o foguetório a propalar o quão imperdível era a oportunidade.

    Alguns colegas de poupança poderão não ter parado para pensar e chegaram a perder o seu tempo a inscrever-se, mesmo sabendo que no dia seguinte outro operador iria empurrar para baixo com melhor oferta, tal como veio a acontecer.

  3. Então e os vendedores da PT? Não param de nos ligar para casa quase todos os meses a impingir o serviço MEO. Agora na minha zona deram em enganar os velhotes com promeças de “Meo a 15€ que é muito melhor que a TDT”e depois quando os velhotes recebem a factura vem com mais de 25€ para pagar. Já chega de ser-mos enganados e burlados pelos grandes.

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