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Raspberry Pi a simular um disco USB externo para uma moldura eletrónica de fotos

E se de repente decidirem usar o vosso Raspberry Pi (RPi) para simular um disco externo USB para utilizar na vossa moldura de fotos eletrónica? Isso é excesso de engenharia!

Aqui vamos jogar com 2 coisas diferentes e tentar juntar tudo numa só:

  • Moldura que mostra fotos que estejam num disco externo USB.
  • Um disco a que se pode ligar remotamente para colocar fotos.

A minha tese era que seria possível reutilizar uma moldura eletrónica já antiga, como a minha Rollei DF-80 memories, mas que não serve e recebe ficheiros ao mesmo tempo. Esta moldura eletrónica lê as fotos que coloco num disco externo USB, mas para isso tenho de ligar o disco fisicamente a um computador para onde previamente já tive de passar as fotos, copiar as fotos para o disco, retirar o disco do computador, colocar o disco na moldura… estão a perceber a coisa, não estão?

Hoje em dia já há até tem um produto à venda que faz isto com a ajuda de uma app, tudo muito cómodo e por cerca de 200€, mas eu já tinha a moldura e dois RPi ali à espera de um projeto. O que se pretende é passar a receber as fotos de qualquer equipamento sem tirar o disco da moldura, e depois ver as fotos na moldura eletrónica, tudo comodamente e sem sair do seu lugar.

Para atingir o objetivo, decidi usar o Raspberry Pi Zero W e:

  1. Instalar o Raspberry Pi OS Lite
  2. Instalar o Samba
  3. Configurar o Raspberry Pi como gadget de armazenamento em massa (g_mass_storage)

No final, também ainda insultei o RPi e tudo à sua volta umas quantas vezes, e tive de desejar com muita, mesmo muita força, que o sistema da moldura reconhecesse o disco que lhe disponibilizei.

Se estiverem interessados em repetir esta receita, basta seguir as instruções que escrevi nas parte 1, 2 e 3 deste artigo. No final, há uma parte Bonus que explica como colocar as fotos na moldura a partir da app do Home-assistant.

Parte 1 – Instalar o Raspbian OS Lite

Escolhi a distribuição Debian do Raspberry Pi por facilidade de utilização. Podem ir até ao site da distribuição Raspberry PI OS (Raspian OS) e seguir as instruções. Vão precisar de uma forma de escrever para o disco SSD que vão usar. Facilita utilizarem a aplicação que o Raspbian OS já oferece para o vosso sistema operativo.

  1. Selecionem a versão de sistema operativo.
  2. Selecionem o disco onde querem escrever o novo sistema operativo. Aconselho utilizar logo a opção de configurar a ligação WiFi e outras disponíveis nesta aplicação.
  3. Selecionem escrever (Write).

A aplicação faz a verificação do disco e quando terminar, é só colocarem o disco no Raspberry Pi e esperar uns momentos.

O vosso utilizador e password podem ser logo configurados se utilizarem a aplicação do Raspberry Pi OS, o que vos vai poupar algum trabalho na parte seguinte desta tarefa.

O novo sistema operativo deve ficar disponível via SSH (Secure Shell) na vossa rede WiFi através do nome que derem ao Raspberry Pi na configuração. Vai ser por aqui que vamos continuar.

Parte 2 – Instalar o Samba

Podem aceder ao vosso Raspberry Pi remotamente a partir da linha de comandos ligando-se ao nome que deram na configuração ou através do IP com que ficar na vossa rede.

ssh pi@raspberrypi.local

Uma vez remotamente a controlar o vosso Raspberry Pi, podem começar a executar o conjunto de comandos necessários ao nosso objetivo.

Primeiro, devem atualizar e limpar a instalação.

sudo apt update && sudo apt upgrade --show-upgraded
sudo apt clean
sudo apt autoremove -y

Podem verificar se há algum pacote que esteja instalado, para o remover por vossa conta e risco, listando todos os pacotes com sudo dpkg -l.

Como não dava para instalar uma solução NAS, como explico na ultima secção deste artigo, e já tenho o Home-Assistant, decidi-me por instalar o servidor de ficheiros Samba, que é compatível depois com vários sabores de computador e pode já hoje em dia ser montado remotamente no Home-assistant, facilitando a gestão de ficheiros pela app e por browser.

sudo apt install samba

Dependendo do vosso RPi, a instalação vai demorar mais ou menos tempo. Podem ignorar a mensagem de instalação a dizer que ele não se configurou como um Domain Controler. Não me parece que queiram controlar remotamente os vossos computadores lá de casa a partir da vossa moldura de fotografias.

Podem testar a instalação do servidor Samba localmente.

sudo systemctl status nmbd

Se tiver corrido tudo bem, vão ver uma mensagem verde a dizer que está ativo e a ser executado. O vosso Raspberry Pi vai aparecer-vos na rede doméstica como uma máquina Windows, para já sem pastas partilhadas.

Agora, criam uma pasta para simular um disco. Vão fazê-lo no diretório do utilizador para facilidade de teste e configurar logo os acessos. Não se preocupem muito para já com isto. Mais à frente vamos mudar.

mkdir /home/pi/datafolder
chmod 777 /home/pi/datafolder

Para configurar o acesso a um disco, vão ter de editar o ficheiro de configuração do serviço Sama. Se tivessemos um NAS seria aceder a um interface gráfico de utilizador, mas enfim… Venha lá mais instruções para a linha de comandos.

sudo nano /etc/samba/smb.conf

A configuração não tem de ser necessariamente esta, até porque aquele 0777 que vão escrever quer dizer que todos podem tudo (ler, escrever e executar). Depois de testarem que tudo funciona, convém reverem a configuração do vosso smb.conf.

[Photos]
comment = RPi Share for photo frame
path = /home/pi/datafolder
create mask = 0777
directory mask = 0777
writable = true
security = share
browseable = true
public = yes

Criada a configuração, tem de reiniciar o serviço para que leia a configuração (Sem comentários).

sudo service smbd restart

Tudo instalado e configurado, podem passar à Parte 3.

Parte 3 – Configurar o Raspberry Pi como gadget de armazenamento em massa (g_mass_storage)

O que querem é que ao mesmo tempo o Raspberry Pi receba os ficheiros e os disponibilize à moldura eletrónica, como se de um disco externo USB se tratasse.

A questão é que agora, o disco não vai vos aparecer na moldura porque o RPi está a funcionar como um computador e não como um gadget de armazenamento para os vossos dados.

Para configurar o Raspberry Pi como um gadget de armazenamento (mass storage) terão de editar o ficheiro de configuração do próprio RPi.

sudo nano /boot/config.txt

No final do ficheiro vão ter de acrescentar dtoverlay=dwc2. Para gravar e sair do nano, carreguem em na tecla ctrl + O e depois ctrl + X.

Vão ter de acrescentar também ao ficheiro de configuração dos módulos do sistema operativo o mesmo dwc2. Este dwc2 é o nome do driver de kernel linux que vai fazer o serviço, mas que, por omissão não vem configurado.

sudo nano /etc/modules

No final do ficheiro, acrescentem dwc2 e gravem com ctrl + O e ctrl + X.

Para tudo funcionar, ainda faltam maus umas voltas. Vamos ter de:

  1. Criar um contentor (container) para simular o disco que será disponibilizado como gadget.
  2. Montar o disco no filesystem.
  3. Atualizar o container de cada vez que lá sejam colocados ficheiros.

Para criar o container, executem o comando abaixo, tendo em conta que o valor que colocam em count é o espaço que estão a reservar para simular o disco. Neste caso, os 2048 equivalem a 2GB.

sudo dd bs=1M if=/dev/zero of=/piusb.bin count=2048

Depois de criado este contentor, têm de formatar e montar o disco automaticamente para que possa ser utilizado.

sudo mkdosfs /piusb.bin -F 32 -I
sudo mkdir /mnt/piusb
sudo nano /etc/fstab

No ficheiro /etc/fstab, vão ter de acrescentar uma linha que monte o disco automaticamente.

/piusb.bin /mnt/piusb vfat users,umask=000 0 2

Para montar todos os discos configurados em /etc/fstab, correm o comando sudo mount -a. O vosso sistema encarrega-se disto no futuro.

Para disponibilizar o disco piusb na rede através do Samba, já adivinharam. Vão ter de configurar o Samba, como já fizemos anteriormente, mas agora a apontar para o disco piusb.

sudo chmod 777 /mnt/piusb/
sudo nano /etc/samba/smb.conf

No ficheiro /etc/sambe/smb.conf, podem acrescentar o vosso novo disco a partilhar, alterando o caminho para a pasta para /mnt/piusb.

[Photos]
comment = RPi Share for photo frame
path = /mnt/piusb
create mask = 0777
directory mask = 0777
writable = true
security = share
browseable = true
public = yes
guest ok = yes
read only = no

Para ligar o RPi em modo gadget de armazenamento em massa, ainda vão ter lhe ligar o módulo que anteriormente configurámos e dizer-lhe onde está o ficheiro que simula o disco.

sudo modprobe g_mass_storage file=/piusb.bin stall=0 ro=1

Depois de testarem, escrevendo algo, lendo e sincronizando os dados com o comando sudo sync, podem desmontar o disco do interface USB via modprobe. O disco vai continuar disponível via Samba.

sudo modprobe -r g_mass_storage

Algo que o sistema não se encarrega é a sincronia disto tudo. De cada vez que copiam imagens para este /mnt/piusb, seja por que via for, teriam de fazer um conjunto de operações, e lá voltávamos ao que nos trouxe até aqui: demasiadas operações só para ver umas fotos novas na nossa moldura eletrónica. Aqui a revista MagPi deu uma ajudinha.

Terão ainda de criar algo que engane o equipamento que vai receber o disco externo para que fique no modo como se lhe tivessemos tirado e voltado a meter o disco USB externo, e assim recarregar a lista de ficheiros com as mudanças.

Vamos necessitar do Python, do Pip3 e de um script que vai fazer de cão de guarda (watchdog) e executar instruções de cada vez que detete uma alteração.

sudo apt install python python3-pip
sudo pip3 install watchdog

cd /usr/local/share
sudo wget http://rpf.io/usbzw -O usb_share.py
sudo chmod +x usb_share.py

Vão ter de adaptar o ficheiro usb_share.py para que esteja de guarda ao /mnt/piusb. Para isso, alterem o ficheiro com sudo nano /usr/local/share/usb_share.py e onde estiver WATCH_PATH = "/mnt/usb_share", tem de passar a estar WATCH_PATH = "/mnt/piusb".

Para isto tudo funcionar, temos ainda de colocar o script como um serviço, assim ele funciona logo ao arranque do RPi e continua a funcionar.

cd /etc/systemd/system
sudo nano usbshare.service

No ficheiro usbshare.service vamos colocar as configurações para o ficheiro python que instalámos funcionar como um serviço.

[Unit]
Description=Watchdog for piusb

[Service]
Type=simple
ExecStart=/usr/local/share/usb_share.py
Restart=always

[Install]
WantedBy=multi-user.target

Depois de gravarem, com ctrl + O e sairem com ctrl + X, tem de ativar e iniciar o vosso novo serviço.

sudo systemctl daemon-reload
sudo systemctl enable usbshare.service
sudo systemctl start usbshare.service

O serviço vai procurar por alterações no /mnt/piusb e esperar 30 segundos antes de cumprir a sua função, por isso, sejam pacientes.

Antes de desligar o RPi para o mudarem de sitio, não se esqueçam de fazer sudo halt para não danificar os discos.

Na parte seguinte deste artigo explico como usar o Home-assistant com isto tudo. Se não tiverem o Home-Assistant, também podem enviar a imagem a partir de qualquer computador para a vossa partilha de ficheiros Samba já instalada.

Bonus – Copiar ficheiros para o RPi USB Gadget a partir do Home-Assistant

A parte de receber ficheiros podia ser feita só com cópia de ficheiros, mas não tinha a mesma graça e era preciso andar às voltas com a linha de comandos. Se tiverem o Home-assistant, podem ir ao vosso menu de gestão de armazenamento em rede (Netowrk Storage), adicionar a vossa nova drive remota como Media, com o protocolo Samba ligado para o vosso novo servidor, e dar-lhe o nome Photos, ou outro à vossa escolha.

Só falta resolver a questão de “Então mas e agora como é que ponho lá as fotos com o Home-assistant?”.

Para além do interface gráfico de utilizador que é disponibilizado via browser, o Home-assistant oferece as Companinon App, o que facilita enviar as fotos do vosso smartphone.

Em qualquer interface gráfico de utilizador, podem seguir os mesmos passos: Media > My Media > Photos. Está feito.

Atenção ao tamanho das imagens que enviam para a vossa moldura. Isto como é uma coisita já antiga e com poucos recursos, é capaz de se engasgar com esses novos formatos de grande dimensão que são hoje em dia gravados no vosso smartphone por cada foto. No caso do iPhone, depois de selecionar as fotos que quero enviar, podem carregar e selecionar o tamanho mais pequeno (Small).

Raspberry Pi Zero W v1.1 de 2017 e Raspberry Pi 2B de 2015

Nas referências deste artigo vão encontrar uma série de voltas que dei a tentar colocar uma solução de gestão do sistema via browser. Estas soluções estão na categoria dos Network Attached Storage (NAS).

A maioria dos NAS open source mais comuns só podem ser instalados em arquiteturas de 64-bit, o que significa que o vosso Raspberry Pi antigo pode não servir. No meu caso, o que usei foi um Raspberry Pi Zero W v1.1 de 2017 e um Raspberry Pi 2 B de 2015, por isso tive de procurar uma solução 32-bit.

Por teimosia, acabei por instalar o Webmin no Raspberry Pi Zero W e no Raspberry Pi 2 B para ter um interface simplificado de configuração, até porque não sou muito fluente em smb.conf, mas isso fica para outro dia.

curl -o setup-repos.sh https://raw.githubusercontent.com/webmin/webmin/master/setup-repos.sh
sudo bash setup-repos.sh
sudo apt install --install-recommends webmin

O vosso acesso via browser ao Webmin vai ficar disponível em https://raspberrypi.local:10000. Vão ter de aceitar o certificado digital autoassinado que vem de origem e o port 10000 podem alterar depois. O username e password são o mesmo que usaram para se ligarem via SSH.

Para controlar os discos, instalei os Smartmontools que serve depois no Webmin para ter Self-Monitoring, Analysis, and Reporting Technology (SMART) dos discos compatíveis.

sudo apt install smartmontools

Todos os pacotes que instalei e testei eram identificáveis pelo posfixo da arquitetura armhf. Para confirmarem a arquitetura do vosso Raspberry Pi podem correr o comando dpkg --print-architecture.

Se não se lembrarem do nome que deram ao vosso RPi, façam cat /etc/hostname e podem ler o resultado.

Todos os Raspberry Pi foram tratados de maneira humana e sem sofrimento para efeitos deste artigo.

Referências:

Mudar o Home-assistant de máquina

Home Assistant
Home Assistant

Um dia é dia e o vosso Home-assistant tem de ser mudado de máquina. Tem de mudar, quer seja porque querem melhorar o hardware, ou porque querem mesmo refazer o sistema operativo que, sabe-se lá porquê, instalaram numa versão de sistema operativo que não era de 64 bit. E agora, tinham o vosso sistema todo configurado e a funcionar, por isso não estão com muita vontade de perder isso. Este é mais ou menos o meu caso.

A minha lista de afazeres inicial, numa perspectiva mais geral, foi a seguinte:

  1. Verificar que estão num disco externo todos os scripts, configurações e outros ficheiros do sistema original acrescentados para além da instalação do Home-assistant.
  2. Fazer um backup do Home-assistant.
  3. Copiar o novo Home-assistant para o micro sd.
  4. Arrancar o novo Home-assistant.
  5. Recuperar o backup.

O meu sistema é composto por um Raspberry Pi 4, com um micro sd de 64 GB e um disco externo de 500 GB. Por hábito, já mantenho a parafernália que vou fazendo à minha medida no disco externo, por isso, em princípio, tudo isto seria um passeio. Só que não…

  • Tinha um script no home do root que verifica se o disco externo está montado, e, se não estiver, monta.
  • Tinha um ficheiro .git-credentials no home do root com o token de autenticação da minha conta GitHub.
  • Tinha chaves de autenticação no .ssh para aceder a outros sistemas a partir do RPi, como por exemplo o MotionEyeOS de uma das cameras.
  • Não me recordava que modelo de Raspberry Pi 4 comprei.
  • Tinha qualquer coisa no crontab de um dos utilizadores chave.
  • Tinha qualquer coisa no fstab.
  • O Home-assistant insiste em fazer backup com o conteúdo do disco externo porque o mount point é no /usr/share/hassio/share/.
  • Toda a casa está dependente do Home-assistant neste momento por causa do AdGuard, e por isso há que reconfigurar a rede para distribuir um DNS diferente já que o IP do Home-assistant vai estar indisponível por uns momentos.

Uma vez que decidam iniciar o processo, se forem como eu, vão pensar: “Ah e tal, se calhar é má ideia fazer isto sem um backup integral do SSD e se correr mal e tal…”.

Como saber os preços dos combustíveis através do seu Home-assistant

Home-assistant - Preços dos combustíveis

Home-assistant – Preços dos combustíveis

Há uns tempos tínhamos falado aqui convosco, o Home-Assistant é um mordomo no Raspberry Pi (ou outro computador). Atualmente tenho o meu integrado no Home da Apple para pode dizer “Hey Siri, turn on the lights”.

Agora já temos um script para obter e publicar o preço dos combustíveis de qualquer estações de combustível feito com a ajuda do @RodolfoVieira e as dicas do A.Sousa.

A solução facilita a obtenção e a publicação dos preços de combustíveis de múltiplas estações. A solução vai buscar os preços à direção geral de energia para as estações de combustível que configurem. Depois publica no Home-assistant.

A solução é um script em Bash faz o scrapping da informação e já está publicado no meu repositório do GitHub – Home-assistant-fuel-scrapper.

As instruções de uso em português estão no forum do Home-assistant português.

Raspberry Pi Zero W com camera ligada ao Homebridge

Raspberry Pi Zero W

Raspberry Pi Zero W

Recebi recentemente o novo da Raspberry Pi (RPi) Foundation, o RPi Zero W. Este computador miniaturizado é do tamanho de uma placa de prototipagem para o ESP8266, mas com porta USB, uma porta para uma camera, um leitor de cartão mini SSD e uma porta HDMI. Alguns dos detalhes destas portas não são de ignorar:

  1. A porta HDMI é mini, o que significa que podem não ter um cabo para ligar isto lá em casa.
  2. Só uma das porta USB é que permite a ligação de periféricos, o que dificulta ligar um rato e um teclado.

Por causa destes detalhes, o meu objetivo foi compor isto tudo sem ecrã (headless) e sem periféricos, como explico mais à frente e sem ter de passar pela confusão de ligar periféricos, ecrã e outros que teria mais tarde de desinstalar.

Preparação do disco

Tal como com outros RPi, para o começarmos a usar, necessitamos de um disco SSD, para o caso um mini SSD, formatado em Master Boot Record e FAT32. Tinha um mini SSD de 4GB disponível, por isso, o primeiro passo foi ligá-lo ao OSX e formatá-lo na linha de comando:

sudo diskutil eraseDisk FAT32 RPIZEROW MBR /dev/disk3

No meu caso, o disco a limpar era o “/dev/disk3”, mas no vosso caso pode ser outro. Esta operação no Windows é feita diretamente no interface gráfico de utilizador. Não sou fã do sistema operativo em causa, por isso, vou abster-me de mais  comentários.

Depois de formatado do disco, usei o software Etcher para copiar a imagem do MotionEyeOS para o disco.

Preparação do acesso remoto (SSH) e WiFi

Com o disco gravado, e antes de o colocar no meu RPi Zero W, foi necessário endereçar o problema do ecrã e periféricos. Para isso, o acesso remoto (SSH) tinha de estar disponível ao arranque e o RPi Zero W ligado à minha rede interna.

Para conseguir isto é necessário colocar no diretório “boot” do mini SSD um ficheiro com o nome “ssh” e outro com o nome “wpa_suplicant.conf”. O ficheiro “ssh” pode até estar vazio, mas o “wpa_suplicant.conf” necessita de ter a configuração do vosso WiFi, conforme exemplo abaixo:

ctrl_interface=DIR=/var/run/wpa_supplicant GROUP=netdev
update_config=1
country=PT

network={
ssid=”O SSID da rede WiFi”
psk=”A password da rede WiFi”
key_mgmt=WPA-PSK
}

Primeiro acesso

O objetivo de instalar este dispositivo é ter uma camera de vigilância em casa, com Motion no RPi Zero W para mostrar imagens no meu Home-assistant e no meu iPhone através do Homebridge. Com o MotionEyeOS não é preciso instalar coisas. Está lá tudo o que é preciso.

O primereiro acesso é feito no url http://meye-*.home, onde o o * é substituido pelo número da instalação. Se não criaram o disco SSD com a opção de IP fixo, terão de procurar por todos os IP da vossa rede interna para saberem onde ficou o vosso RPi Zero B.

Depois de aceder, o primeiro acesso é feito com o user “admin” e a password de origem é só deixar o campo vazio. Escusado será dizer que devem criar uma password forte usando mnemónicas que incluam simbolos, letras e números.

Não se ponham com ideias de abrir portas no Router para aceder diretamente ao interface da camera porque isso é perigoso. Não sabemos muito bem quão robusto é este MotionEyeOS. É aqui que entra o Homebridge ou o Home-assistant.

Homebridge e Home-assistant

Este passo é um adicional. Posso fazê-lo porque tenho cá em casa um RPi 3 que está sempre ligado e onde corro software variado para recolha e apresentação de dados no meu iPhone através do Homebridge. A instalação do Homebridge é trivial. A configuração dos plugins, já nem tanto.

Para integrar os meus IoT sem ter de os configurar um a um no Homebridge para aparecerem no meu iPhone, estou a usar um plugin do Homebridge para este se ligar ao Home-assistant. Isto permite-me expor sensores de temperatura e interruptores nos dois meios, mas não permite partilhar a camera.

Para aceder à camera, esta ou qualquer outra camera ip, através do Homebridge, temos de instalar um dos plugins do Homebridge para cameras e configurar-lhe a localização da camera. O plugin que já testei foi o Homebridge-camera-ffmpeg.

Criar um disco externo USB a partir de uma imagem no OSX

Para instalar o OSMC ou correr uma Distro como o Ubuntu (Distro – Distribuição Gnu/Linux) de um disco externo é necessário copiar para lá uma imagem de um disco.

As imagens de disco são obtidas nas próprias origens dos sistemas que queremos instalar. Até há software para ajudar a instalar essas imagens, quer se trate do OSMC, do Ubuntu ou outra imagem de distros mais conhecidas.

O problema é que na atual versão do OSX isto tudo parece falhar catastroficamente no final do processo. Os softwares de instalação de imagem insistem em montar o disco no final do processo e o disco nunca fica terminado em condições.

Para resolver a questão, recorri ao forum do Ubuntu. A solução passa por utilizar a linha de comandos da Terminal app do OSX para copiar a imagem para o disco externo USB, o que transcrevo abaixo, traduzido e com algumas adaptações:

Este procedimento irá primeiro converter uma imagem de disco do formato .iso para .img e alterar o sistema de ficheiros no disco externo USB para um disco de arranque (bootable).

Tip: No OSX podem arrastar um ficheiro do Finder para o Terminal para que o caminho do ficheiro seja introduzido no comando.

Seguem-se as instruções:

  1. Fazer download do Ubuntu Desktop
  2. Abrir o Terminal em /Applications/Utilities/ no Launcher;
  3. Converter o ficheiro .iso para .img com o seguinte comando (o caminho para o ficheiro de entrada e saída têm de ser vocês a introduzir, substituindo os exemplos) :
    hdiutil convert -format UDRW ~/path/to/ubuntu-download.iso -o ~/path/to/ubuntu.img
  4. O OS X coloca a extenção .dmg no ficheiro de saída. Convém alterarem isso depois.
  5. Executar o comando diskutil list no Terminal para obter uma lista dos devices ligados ao sistema;
  6. Insirir o disco externo USB (ou de outro tipo);
  7. Executar o comando diskutil list no Terminal de novo para identificar o nome atribuido ao disco externo (Ex: /dev/disk2)
  8. Executar o comando diskutil unmountDisk /dev/diskN no Terminal substituindo  N pelo número que foi atribuido ao disco externo
  9. Executar o comando abaixo no Terminal, substituindo /path/to/ubuntu.img pelo caminho onde a imagem da instrução no ponto 3 ficou.
    sudo dd if=/path/to/ubuntu.img of=/dev/rdiskN bs=1m

    • Ao utilizadr o caminho /dev/rdisk em lugar do /dev/disk pode aumentar a velocidade de cópia;
    • Se virem um erro dd: Invalid number '1m', estão a usar o GNU dd. No comando substituam bs=1m por bs=1M.
    • Se virem o erro dd:/devdiskN: Resource busy, garantam que o disco não está em uso. Usem a Disk Utility.app usem o comando unmount (não usem o eject).
  10. Executar diskutil eject /dev/diskN e remover o disco externo quando o comando completar.
  11. Reiniciar o Mac carregando na tecla press Alt/Option.
  12. Escolher o disco externo para iniciar com a imagem criada.

No caso da instalação da imagem do OSMC num disco externo, não façam as instruções 10 e 11. Peguem no disco criado e coloquem-no diretamente no vosso Raspberry Pi.

Mac OS 7 no Raspberry Pi


Já fizemos de tudo com o Raspberry Pi.

A lista de coisas que podemos fazer com o RPi recebeu agora uma nova possibilidade: correr um sistema Mac num Raspberry Pi (RPi) 3.

O RPi3 já tem a capacidade de correr sistemas operativos a 64 bits, o que vai permitir mais coisas destas no futuro.