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Quanto gastaram os Primeiros Ministros em combustível?

Na semana passada, ao ler um artigo sobre os custos mensais de combustível do Primeiro Ministro, fiquei logo com uma pulga atrás da orelha. Depois do artigo em que o Primeiro Ministro se queixava da poupança dos Portugueses com carros, estava naturalmente interessado em perceber se ele havia poupado uma quota parte…

A leitura do artigo, infelizmente, não contribuiu para eu ficar esclarecido. Aliás fiquei pior, pois regista erros factuais (85.384 não são “os tais” 85.834) e conclusões/afirmações altamente subjectivas, como “concluiu-se que Passos teve ‘mais olhos do que barriga’” e referências a falha de estimativas, que mais me pareciam poupanças efectivas. E ao fixar-me em alguns dos comentários, percebi que o jornalista Carlos Abreu poderia ter feito uma notícia certa:

  • Por favor, seja mais rigoroso na investigacao journalistica. Qual o valor gasto nos ultimos 5 anos (por ano)? O custo esta aumentar ou diminuir? Qual a media por carro nos ultimos 5 anos? Lubrificantes inclui a revisao anual na oficina? Qual a comparacao com outros paises na UE? Estamos acima da media nos custos?
  •  ESTE SR JORNALISTA FARIA UMA COMPARAÇÃO DOS GASTOS COM OS DO GOVERNO ANTERIOR. DEPOIS QUEIXAM-SE QUE OS JORNAIS NÃO SE VENDEM …..
  • Além do mais, esta “noticia” só faria sentido se comparada com valores gastos por anteriores gabinetes ministeriais. Seria importante esta análise comparativa!!
  • Nisto tudo, sem um investigação mais profunda para além do simples “fait-divers”, não se vai conseguir dar as repostas que realmente interessam

Decidi-me a descobrir aquilo que o jornalista devia ter feito. A Conta Geral do Estado está no site da DGO. Estão lá todas as contas passadas. É lamentável que os dados não possam ser directamente utilizados, mas depois de alguma pesquisa, lá consegui descobrir os valores orçamentados e gastos pelo Gabinete do Primeiro Ministro (2003-2007) e pela Presidência do Conselho de Ministros (2008-2012). O resultado é o gráfico abaixo, que inclui igualmente as previsões orçamentadas para 2013 e 2014, retiradas deste artigo.

Valor do combustível consumido pela PCM

Valor do combustível consumido pela PCM

Mas pensando melhor, o gráfico acima é enganador, pois o preço dos combustíveis tem subido nos últimos anos. Utilizando o preço médio de gasolina dos últimos anos, no site da Pordata, normalizam-se os gastos em termos de litros. O gráfico resultante é o seguinte:

Volume do combustível consumido pela PCM

Volume do combustível consumido pela PCM

A pergunta que deveria ser feita é porque é que depois da poupança significativa em 2011 e 2012, se volta a subir o orçamento em combustíveis em 2013 e sobretudo 2014?

Gasolina sem chumbo 95 em valores mais baixo desde 2012

Gasolina sem chumbo 95

Gasolina sem chumbo 95

A gasolina sem chumbo 95 estava esta semana ao valor mais baixo desde que comecei a controlar os custos da Yamaha Xmax. Isto pode querer
dizer muita coisa. Tradicionalmente o preço dos combustíveis sobe em Portugal independentemente da conjuntura económica interna e mais relacionado
com a evolução da procura mundial ou alteração dos conflitos nas áreas de mineração petrolífera.

Será que a análise dos quadros macroeconómicos do governo cruzados com os mapas do orçamento do gabinete do primeiro ministro poderão ser
indicativos que os valores dos combustíveis irão voltar aos preços anteriores a 2012? A influência dos valores do petróleo é histórica na nossa economia e as empresas e famílias poderão não se aguentar a mais esta adversidade.

Resta-nos esperar que a previsão de retoma para 2014 do governo seja verdadeiramente milagrosa e se traduza num real aumento do volume de negócios. Esperemos que o cenário traçado propicie uma fase de crescimento ao nosso pais que nos devolva aos superavit de Marques de Pombal e Oliveira Salazar, mas sem que para isso percamos as liberdades ganhas pelas gerações anteriores à minha.

Esperemos que a previsão da subida do custos do combustível patente na previsão macro-económica da proposta de Orçamento de Estado para 2014 não venha a ser uma realidade resultante da manipulação dos preços do petróleo.

Apesar do preço do petróleo Brent ter diminuído para cerca de 108 USD/bbl (82 €/bbl) nos nove primeiros meses de 2013 (quebra de 3,3% e de 5,9% em termos homólogos, respetivamente), mais recentemente, este tem apresentado uma evolução ascendente, refletindo o aumento das tensões na região do Médio Oriente e a redução da oferta proveniente de alguns países da OPEP (Líbia, Nigéria e Iraque) não totalmente compensada pelo acréscimo da produção da Arábia Saudita e dos países não membros da OPEP. (Relatório Orçamento Estado 2014, p.16)

Evolução do preço do Brent (Relatório Orçamento de Estado 2014, p. 16)

Evolução do preço do Brent
(Relatório Orçamento de Estado 2014, p. 16)

Poupando em cadeiras dos passageiros

Seat crunch at The Wall Stree Journal

Seat crunch at The Wall Stree Journal

Foi noticia já na Internet, mas aqui ainda não tínhamos dado nota desta futura mudança. As companhias aéreas estão a preparar-se para reduzir o tamanho dos assentos dos aviões só mais um bocadinho.

As companhias aéreas são famosas pelas histórias de “poupanças” feitas à custa de coisas que os passageiros nem vão notar. A história da azeitona é famosa:

In the 1980s, Robert Crandall, then head of the airline, cleverly calculated that if you removed just one olive from every salad served to passengers, nobody would notice … and the airline would save $100,000 a year.

A poupança de uns acaba quase sempre por ser a perda de valor para outros. No caso das companhias aéreas joga-se com o conforto. Se queremos mais conforto teremos de deixar de ser tão exigentes com o preço.

A poupança da azeitona é um exemplo tipicamente apresentado como uma boa prática de gestão. A história da azeitona passou ao molho na salada e por aí adiante até aquilo que nos servem hoje em dia durante o voo em todas as companhias aéreas mundiais, mas este detalhe das cadeiras de 17” parece ser por enquanto apenas para as companhias aéreas.

O site Seatguru tem um quadro onde podem comparar a dimensão dos assentos entre várias companhias aéreas. O quadro permite também comparar a distância entre assentos e tudo numa tabela ordenável diretamente online. O A.Sousa tem contado aqui algumas experiências com a Ryanair, mas estes nem aparecem na lista.

A redução do tamanho dos assentos está relacionado com a vontade das companhias aéreas de aumentar o número de assentos por fila, o que pode estar ligado à necessidade de sobrevivência ou apenas para manter o retorno do investimento dos seus acionistas. O gráfico abaixo demonstra o comportamento de algumas companhias aéreas americanas em bolsa, comparado com outras empresas de outros mercados.

The Case for Airline Stocks: Lower Fuel Costs, Fewer Seats, and Some Short Memories

The Case for Airline Stocks: Lower Fuel Costs, Fewer Seats, and Some Short Memories

Poupança de água

Poupar água

Poupar água

Poupar água é algo que é bom para a nossa carteira, e também para o ambiente. É um tema que temos abordado aqui recorrentemente no Poupar Melhor, e que podem consultar na etiqueta água.

Este artigo segue a linha de dois artigos anteriores, sobre a eficiência da gestão do recurso água na EPAL, em contraponto com as queixinhas dos SMSBVC os quais se fartam de perder água

Neste artigo do passado fim de semana, o Público cita um documento da ERSAR (Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos) em que se afirma que um terço da água distribuída em Portugal não é facturada! O dobro do valor considerado aceitável em termos internacionais… Segundo a ERSAR, as perdas chegam aos 170 milhões de euros por ano.

Na lista dos que mais desperdiçam água estão Celorico de Basto, Macedo de Cavaleiros e Murça, com percentagens de água distribuída e não facturada na ordem dos 70%!!! Embora sejam locais onde a água seja mais abundante que no Alentejo, por exemplo, não quer dizer que seja necessário desperdiçá-la!

Ryanair tenta melhorar imagem

Ryanair

Ryanair

A Ryanair tem um problema sério de imagem com muitas pessoas. Não é obviamente a única… No início, também me custou, mas depois compreendi que havia razões para isso. Afinal, basta pensar que há poucos anos era impensável viajar pela Europa aos preços que hoje são possíveis!

Mas algumas das suas práticas eram um pouco fundamentalistas. Uma das piores era a das malas de mão das senhoras. Mas outras eram mais subtis, como a baixa qualidade do seu website, ou a necessidade de pagar as apps dos telemóveis!

Depois de um período de consulta aos seus clientes, a Ryanair promete agora mudar algumas dessas práticas mais detestadas pelos clientes. Uma das taxas que baixa dramaticamente diz respeito à reimpressão dos cartões de embarque, enquanto o custo de despachar malas para o porão baixa para metade. A venda de raspadinhas a bordo, e outras práticas mais agressivas vão igualmente ser revistas! E nós que gostamos de poupar, mas não de ser muito chateados, agradecemos!

Electricidade mais cara da Europa

Numa semana em que a ERSE divulgou a subida no preço da electricidade para 2014, foi igualmente divulgado um estudo comparativo dos preços da electricidade e do gás na Europa. O estudo foi elaborado pela VaasaETT, uma consultora finalandesa, e está disponível para download neste link. É preciso todavia dizer que este estudo, como outros que já analisamos, empregam valores duvidosos, como o exemplo da página 11 do PDF, onde se diz que o preço do kWh em Portugal é de 0.2158 €, o que sabemos ser errado.

O gráfico mais deprimente do estudo é certamente o da página 26 do PDF, visível abaixo. Aqui constatamos que somos o País da Europa que mais paga pela electricidade, considerando a paridade do poder de compra. E estamos à frente, com uma grande margem:

Electricidade PPS

Custo da electricidade, considerando a paridade do poder de compra

Somos igualmente o País da Europa que gasta a maior percentagem do rendimento disponível das famílias na conta da electricidade:

Electricidade PPS

Conta da electricidade em função do rendimento disponível das famílias

No mercado liberalizado da energia, somos igualmente dos países da Europa onde menos compensa mudar de fornecedor:

Electricidade

Potencial poupança na mudança de comercializador de electricidade

O estudo tem muitos mais gráficos deprimentes para nós, Portugueses. Também analisa a vertente do gás natural, onde não estamos muito melhores. Enfim, mais uma prova provada de que o sector da energia em Portugal precisa de uma grande reviravolta…