Quando ouço referências a que o custo da electricidade está a subir, o meu subconsciente pensa imediatamente que o preço do petróleo/gás natural está a subir. Mas eu já devia saber melhor, conforme até já evidenciamos aqui no passado.
Por estes dias, voltei a ser acordado para a realidade. Neste artigo do Jornal de Negócios, somos alertados para um aumento do défice tarifário do sector eléctrico em 200 milhões de euros. Reparem que o valor de 200 milhões é o valor do aumento, não do défice… Segundo a EDP, este aumento tem os seguintes três factores principais:
- o “volume anormalmente elevado de energia eólica e mini-hídrica”, gerando um sobrecusto (face aos preços grossistas da electricidade) acima do previsto nos pressupostos da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE)
- estava previsto descontar nos custos do sistema eléctrico até Junho uma verba de 111 milhões de euros oriunda da venda pelo Estado de créditos de carbono, mas tal não aconteceu.
- o facto de a ERSE ter previsto uma subida do consumo de energia de 1,7%, mas ele na verdade ter caído quase 3%.
Ora, isto é mais do mesmo! Quanto menos consumimos de electricidade, seja pela crise, seja pela poupança, mais vamos pagar por isso. E quando chove mais e sopra mais vento, em vez de previsivelmente termos uma electricidade mais barata, não! Olhando para o documento da EDP percebemos até que o preço spot da electricidade foi muito inferior ao do ano anterior! Segundo os dados da EDP, na página 10, podemos constatar que o preço do MWh no mercado spot foi de 36€. Todavia, na página 16, dizem-nos que o preço médio de venda do MWh da energia eólica foi de 108€, exactamente três vezes mais!!!
Estes sobrecustos das eólicas dão-me muito que pensar! É desafiador de qualquer lógica! Então, quanta mais energia renovável se produz, mais o défice cresce, e mais pobres ficamos como colectivo? Será que precisamos de um D. Quijote moderno para por ordem nisto? Parece que aqui ao lado, em Espanha, o companheiro literário de Sancho Panza já está no terreno…