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Proibir as notas?

Anda por aí muita gente entusiasmada a pedir que se acabe com as notas de 500 euros. E embora pareçam invocar argumentos defensáveis, sempre refugiados nos criminosos e terroristas, o que está por detrás da cortina pode ser bem diferente…

No artigo em que referenciamos as notas de 500 euros, referimos vários dos cenários em que são utilizadas. Referimos também como há cerca de 10 anos atrás, cerca de um quarto delas estavam em Espanha. Dados mais recentes indicam que a maior parte delas possa estar na Rússia.

Acontece que a história pode ser bem diferente. Perante as taxas de juro próximas de zero e mesmo negativas, nos últimos quase oito anos, os Bancos Centrais temem uma corrida aos Bancos. Na verdade, não haverá notas para todos nesse caso, e mesmo notas com muitos zeros não servirão de grande coisa.

A ideia dos Bancos Centrais poderá ser mesmo a de proibir de todo as notas e moedas. Uma espécie de controlo de capitais, como já foi ensaiado na Grécia e Chipre. Onde literalmente as notas deixaram quase de ser disponibilizadas pelos Bancos. Como não o conseguirão fazer tudo de uma vez, vão começar por um dos lados. Na Europa, e como se pode ver na imagem abaixo, retirada do site do BCE, cerca de 30% das notas de euro em circulação e em valor são notas de 500 €. Na verdade, só há poucos anos foram ultrapassadas pelas notas de 50 €:

Valor euros em circulacao

Valor euros em circulacao

Do outro lado do Atlântico, há vozes sonantes a pedir a proibição das notas de 100 dólares. E também por lá, representam a fatia de leão do dinheiro em circulação:

Dólares em circulção por tipo de nota

Dólares em circulção por tipo de nota

Na Suiça, um bastião monetário, não há todavia planos para seguir a manada. Aliás, os Suiços têm notas de 1000 CHF, que valem cada uma quase 1100 euros. E a quantidade em circulação é brutal:

CHF notas mais populares

CHF notas mais populares

Na verdade, acabar com o dinheiro físico teria inconvenientes muito graves. O primeiro seria necessariamente o da privacidade. O Big Brother que veria tudo seria em primeiro lugar o Sector Financeiro, mas algo me diz que as Finanças passariam também a espreitar. Eles já são uma espécie de PIDE, mas o objectivo poderá ser o de não ficar nas meias tintas… Mas mais grave seria o que viria a seguir: os Bancos e o Estado poderiam começar a expropriar pura e simplesmente a sua conta Bancária. Também já o fazem, mas não com a extensão que gostariam.

Se o leitor não acredita, pegue neste exemplo: o que faria ao seu dinheiro no Banco, se lhe oferecessem uma taxa de juro NEGATIVA de 10%? Aposto que tiraria o dinheiro de lá? Agora imagine que não tem para onde o tirar? É para isso que as notas podem servir, mas é também por causa disso que podem estar a pensar proibi-las…

Empréstimos P2P

Esteja atento...

Esteja atento…

No outro dia, um leitor deixou um comentário no site a referenciar um projecto de empréstimos P2P. Na verdade, nunca abordámos aqui o tema, como vários outros, por uma razão muito simples: estamos escaldados com os esquemas

Este tipo de actividade financeira tem muito por onde se lhe pegar. Eu, da minha parte, continuo na minha: quando a esmola é grande, o pobre desconfia!

O melhor exemplo é o da E-zubao. A E-zubao prometia rentabilidades entre 9 e 14.6%, muito superior que as taxas dos bancos Chineses. No final, mais de um milhão de Chineses perderam cerca de 7.6 mil milhões de dólares, no que foi claramente mais um esquema Ponzi, e referenciado como aquele que mais pessoas afectou até hoje, embora esses não conheçam o nosso Rui Salvador. Na China, é todavia tudo em grande, e um artigo dá conta de cerca de 3600 plataformas P2P naquele país.

Chame-se o que se chamar, tenham muito cuidado em enfiar o vosso dinheiro nestes negócios. Nem que sejam 10 euros! As promessas de bons lucros, com muitos % à mistura, são logo sinal para desconfiar. E não caiam na tentação daqueles que anunciam que isto são financiamentos, depósitos, investimentos, ou uma nova forma de ver a Economia…

173ª nota: a do desaparecimento do dinheiro em notas e dos snapshots locais do Time Machine

Podcast do Poupar Melhor

Esta semana o A.Sousa vem falar-nos daqueles que acham que deve desaparecer o dinheiro em notas, principalmente em notas grandes como as de 500 euros.

Terminamos a falar das vantagens e desvantagens dos backups em disco local e remoto através do Apple Time Machine.

Podem aceder aqui à lista completa de episódios do Podcast. O Podcast do PouparMelhor está também no iTunes.

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Proteger o nosso dinheiro da inflação

Há uns dias falamos sobre a inflação, já depois de termos falado da deflação. Hoje vamos referir algumas poucas notas sobre como proteger o nosso dinheiro nestes cenários.

O cenário mais fácil é o da deflação. Na verdade, num cenário destes, que é quase o que estamos a viver, basta ter o dinheiro, para ele se estar a valorizar. Na verdade, basta tê-lo numa conta à ordem, a 0% (sem comissões) para ele estar a valorizar! Ou então em notas. Este último cenário é tão estranho que não admira que os Bancos Centrais e políticos estejam a pensar erradicar o dinheiro vivo…

Num cenário normal de inflação, o objectivo é ter o dinheiro a render numa aplicação, cuja taxa de juro seja superior à da inflação. Na verdade, devemos ter muito cuidado neste último aspecto, dado que o rendimento de depósitos a prazo, um dos tipos de investimento mais seguros, têm rendimentos normalmente inferiores. E quando são superiores, ou muito superiores, devemos desconfiar! Aos valores que estão neste momento as taxas de juro, compensa mais fazer uma aplicação de relativamente curto prazo, pois se houver uma inversão de taxas de juro, poderão beneficiar delas. Em qualquer caso, leia as letras miudinhas, e veja por exemplo se sairá ou não penalizado com um levantamento mais cedo…

Não existe uma forma absolutamente correcta de investir o nosso dinheiro. É certo que no longo prazo, os depósitos a prazo não são quase nunca uma boa solução de investimento. Mas, nestes tempos difícieis, são dos poucos sítios ainda, onde o seu dinheiro pode estar seguro!

Conceitos Relacionados com o Crédito

Um dos aspectos que mais nos move no Poupar Melhor é tentar contribuir para que possamos compreender melhor o que nos rodeia. Para que consigamos alcançar o nosso motto, ie. conseguirmos fazer o que habitualmente fazemos, mas com menos, precisamos muitas vezes de perceber melhor a “teoria”.

Há um domínio em que pessoalmente tenho aprendido imenso nos últimos anos, e creio que é um domínio onde a grande maioria dos leitores terão aprendido também: o da cultura financeira. Apesar disso, continuamos com uma literacia financeira muito baixa em Portugal, mesmo considerando que a avaliação dada tem por base um conjunto de questões relativamente simples.

Foi por isso que com alguma surpresa descobri há uns dias um documento sobre literacia financeira no site do Mediador do Crédito. O Mediador do Crédito funciona junto do Banco de Portugal, “cuja actividade visa a defesa e a promoção dos direitos, garantias e interesses legítimos de quaisquer pessoas ou entidades em relações de crédito, designadamente no domínio do crédito à habitação, com vista a contribuir para melhorar o acesso ao crédito junto do sistema financeiro“.

Com esse documento já reforcei ainda mais os meus conhecimentos financeiros. Mas ainda há bastantes termos que não sei exactamente o que significam. A explicação não é detalhada, mas concisa, pelo que se fica logo com uma excelente ideia. E a lista de termos é extensa, conforme podem ver pela lista abaixo, retirada do Índice do documento:

  • ABERTURA DE CRÉDITO EM CONTA CORRENTE
  • ALD (ALUGUER LONGA DURAÇÃO)
  • ALUGUER OPERACIONAL
  • AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMO
  • AMORTIZAÇÃO (OU LIQUIDAÇÃO ou REEMBOLSO) ANTECIPADA DE EMPRÉSTIMO
  • AVAL e AVALISTA
  • AVAL BANCÁRIO
  • AVALIAÇÃO
  • BENEFÍCIO DA EXCUSSÃO PRÉVIA
  • BUY-BACK
  • CAPITAL (num financiamento)
  • CAPITAL DE RISCO
  • CAPITALIZAÇÃO DE JUROS (em caso de Empréstimo)
  • CARÊNCIA DE CAPITAL
  • CARÊNCIA TOTAL (CARÊNCIA DE CAPITAL E JUROS)
  • CARTÕES DE CRÉDITO
  • CENTRAL DE RESPONSABILIDADES DE CRÉDITO (CRC) DO BANCO DE PORTUGAL (BdP)
  • “CONFIRMING”
  • CONSOLIDAÇÃO DE CRÉDITOS
  • CONTA CORRENTE (ABERTURA DE CRÉDITO em)
  • CREDIT DEFAULT SWAP (CONTRATO DE PERMUTA FINANCEIRA DE CRÉDITO)
  • CREDIT LINKED NOTES (VALORES VINCULADOS A CRÉDITOS)
  • CRÉDITO DOCUMENTÁRIO
  • CRÉDITO HABITAÇÃO
  • DERIVADOS DE CRÉDITO
  • DESCOBERTO EM CONTA
  • DESCONTO BANCÁRIO
  • DIREITO DE SUPERFÍCIE
  • DISTRATE DE HIPOTECA
  • EBITDA (EARNINGS BEFORE INTEREST TAXES DEPRECIATION AND AMORTIZATION)
  • EMPRÉSTIMO OBRIGACIONISTA
  • EURIBOR (EUROPEAN INTERBANK OFFERED RATE)
  • EXONERAÇÃO DE DEVEDOR
  • FACTORING
  • FIANÇA e FIADOR
  • FIIAH (FUNDOS DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO PARA ARENDAMENTO HABITACIONAL)
  • FUNDO DE GARANTIA DE DEPÓSITOS (FGD)
  • FUNDOS DE INVESTIMENTO
  • GARANTIA BANCÁRIA
  • HIPOTECA
  • HOT-MONEY
  • INDEXANTE
  • INTEREST RATE SWAP
  • JURO (num Empréstimo)
  • JUROS DE MORA (num Empréstimo)
  • LEASING
  • LETRA
  • LIVRANÇA
  • LIVRANÇA EM BRANCO
  • LIVRE DE ÓNUS E ENCARGOS
  • LOCAÇÃO FINANCEIRA (LEASING)
  • LOCAÇÃO FINANCEIRA RESTITUTIVA (LEASE-BACK)
  • MARGEM OU SPREAD
  • MEDIADOR DO CRÉDITO
  • MORATÓRIA NO CRÉDITO HABITAÇÃO PARA DESEMPREGADOS
  • MUTUANTE
  • MUTUÁRIO
  • MÚTUO
  • OBRIGAÇÃO DE CAPITALIZAÇÃO AUTOMÁTICA (OCA)
  • OBRIGAÇÃO DE CUPÃO ZERO (OCZ)
  • OPÇÃO DE COMPRA
  • PAPEL COMERCIAL
  • PENHOR
  • PENHORA
  • PERÍODO DE AMORTIZAÇÃO
  • PME INVEST
  • PRAZO DO EMPRÉSTIMO
  • PRESTAÇÃO
  • RATING
  • REESTRUTURAÇÃO DE CRÉDITO
  • REMESSA DE EXPORTAÇÃO
  • RENTING
  • RESOLUÇÃO DO CONTRATO
  • “REVERSE FACTORING”
  • SERVIÇO DA DÍVIDA
  • SERVIÇOS MÍNIMOS BANCÁRIOS
  • SISTEMA DE PAGAMENTO A FORNECEDORES
  • SPREAD
  • STAND-BY LETTER OF CREDIT
  • SWAP (PERMUTA) DE TAXA DE JURO
  • TAE (TAXA ANUAL EFECTIVA)
  • TAEG (TAXA ANUAL DE ENCARGOS EFECTIVA GLOBAL)
  • TAER (TAXA ANUAL EFECTIVA REVISTA)
  • TAN (TAXA ANUAL NOMINAL)
  • TANB (TAXA ANUAL NOMINAL BRUTA)
  • TAXA DE ESFORÇO
  • TITULARIZAÇÃO DE CRÉDITOS
  • TOTAL RETURN SWAP (CONTRATO DE PERMUTA FINANCEIRA DE FLUXOS DE CRÉDITO)
  • TRANCHE
  • USUFRUTO
  • VALOR RESIDUAL (NA LOCAÇÃO FINANCEIRA)

Poupança portuguesa em mínimos históricos!

Pouco antes do Natal, saiu uma notícia pouco animadora: a poupança das famílias renovou mínimos históricos no terceiro trimestre deste ano que está a acabar!

Segundo os dados do INE, “a taxa de poupança diminuiu para 4,0% (4,8% no trimestre anterior), o que corresponde ao valor mais baixo desde o primeiro trimestre de 1999“. Tal significa que no ano que acabou em Setembro deste ano, os portugueses pouparam 4 euros em cada 100 euros.

Para o INE, a redução da poupança deveu-se a um aumento do consumo, conjugada com uma ligeira diminuição do rendimento. Todavia, acho que falta aqui um pouco a perspectiva dos valores muito baixos da Euribor, com influência nas taxas de juro dos depósitos a prazo. Afinal, o que o Banco Central quer é que consumamos mais, pelo que a grande maioria lhes está a fazer a vontade…

Evolução da poupança das famílias portuguesas