Taxas de juro implícitas no crédito à habitação

Começamos recentemente a abordar a importância de conceitos financeiros e de poupança para os mais miúdos. Mas, para nós mais graúdos, há muitos conceitos que nos tocam e que interessa dominar. Já antes havíamos abordado vários aspectos relativos às taxas de juros e à taxa Euribor. Mas há muito mais para dominar…

Quando há cerca de duas semanas ouvi que as taxas de juro implícitas no crédito à habitação continuavam a cair, tomei nota para fazer uma investigação mais apurada…

Meter mãos à obra não foi propriamente fácil. O INE elaborou um documento de destaque interessante onde é possível observar logo na primeira página um gráfico muito interessante sobre a evolução das taxas de juro implícitas no crédito à habitação, com valores para o total de contratos, e para os celebrados nos últimos três meses.

Como a descida do gráfico dos últimos meses me pareceu uma consequência lógica da evolução recente da Euribor a 6 meses, o indexante mais utilizado em Portugal, fiz um primeiro gráfico e confirmei essa correlação. Mas, curioso, procurei dados mais antigos. E aí a porca torceu o rabo, e não os encontrei. Nem no INE, nem na Pordata. Foi preciso muita paciência para os recolher pouco a pouco, por vários documentos dispersos pelo site do INE.

O resultado é o gráfico abaixo, que representa os valores para as taxas de juro implícitas no crédito à habitação, sendo a curva “Totalidade Contratos Crédito Habitação” respeitante à totalidade dos contratos, e a curva “Contratos últimos 3 meses” para os contratos celebrados nos últimos 3 meses. Para esta última só consegui encontrar valores a partir de Abril de 2003. Juntamente está representada a curva da Euribor, com os valores do primeiro dia útil de cada mês, e que os bancos tipicamente utilizam.

Particularmente relevante é a diferença entre a curva a verde e a cor de rosa, e que representa aproximadamente o spread cobrado pelos bancos. Aí se verifica como entre meados de 2005 e início da crise em 2008 o spread cobrado era muito baixo. Repare-se como ele está agora, em cerca de três pontos percentuais. Agora imagine-se que a curva verde começa a subir, e questionemos onde pararão os (poucos) clientes que estão agora a contratar um crédito à habitação.

Este é um gráfico que nos dá muitas mais pistas sobre a realidade financeira que nos toca a todos. Quando tomamos decisões importantes de investimento, como contratar um crédito à habitação, devíamos sempre olhar para imagens como estas e perscutar o que elas podem significar para o futuro! É que uma imagem vale por mil palavras…

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