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Neil deGrasse Tyson pede que mudem a forma como se olha para a ciência


Neil deGrasse Tyson está num vídeo a pedir aos americanos que mudem a forma como olham para a ciência.

A sua preocupação com o declínio da capacidade dos cidadãos de interpretarem o que são factos está presente neste vídeo.

Na sua opinião, as pessoas deixaram de saber distinguir os factos, e isso é a receita para que a democracia seja desmantelada.

Segundo ele, cabe à ciência disponibilizar os factos em que se baseiam as políticas. Cabe aos políticos decidir o que fazer com esses factos.

Marcha pela Ciência?

A Marcha pela Ciência é já amanhã, e ocorre em muitas cidades do Mundo. A Marcha nasceu nos Estados Unidos, como forma de luta política, e daí se estendeu pelas várias cidades do Mundo.

Pessoalmente, vejo a politização da Ciência e dos Cientistas de uma forma muito negativa. Todavia, é apenas mais um passo na descredibilização de muita da Ciência actual, e que aqui temos vindo a expôr.

As evidências dos problemas da Ciência moderna estão por todo o lado. E, a nós Portugueses, a morte esta semana de uma adolescente de 17 anos parece ser mais um exemplo anti-Ciência, mas que é precisamente ao contrário.

A opção de não vacinação teve um forte impulso quando em 1998 o médico Andrew Wakefield publicou na revista científica The Lancet, considerada pelos próprios the world’s leading independent general medical journal, um artigo em que associava a toma da vacina do sarampo+papeira+rubéola ao autismo.

Esta “Ciência”, aliás da melhor ciência do Mundo, por ter sido publicada no The Lancet, não foi desmascarada pelos colegas cientistas. Não, foi desmascarada por um jornalista, Brian Deer, em 2004, no jornal The Sunday Times. Numa primeira fase, a revista The Lancet ainda tentou boicotar a sua investigação, mas foi preciso esperar até 2010 para que o paper fosse completamente retratado.

Não é preciso fazer muitas contas para perceber como esta “Ciência” terá influenciado a vida de muitos, e porventura da adolescente de 17 anos que esta semana morreu em Portugal. Mesmo antes de Trump, veja-se a posição de Obama e Hillary neste domínio, que em 2008 pareciam ainda alinhar com a “Ciência” de Wakefield.

Brian Deer esteve em Portugal o ano passado, mas a única notícia que encontrei foi esta. A leitura do seu blog, e em particular deste artigo, vão no sentido de muita informação que tenho recolhido nos últimos tempos, e que nos dizem que a “Ciência” já não é o que era… Um jornalista a seguir!

A luta pela credibilização da Ciência não se faz por isso nas ruas. A melhor coisa que a “Ciência” poderia fazer era uma espécie de mea-culpa, parar para pensar, e provavelmente dedicar-se nos próximos tempos a expôr a má Ciência. Ou tudo aquilo que nos é vendido, de forma directa ou indirecta, como cientificamente credível.

Aqui no Poupar Melhor já o fizemos inúmeras vezes, e até com sacrifício nosso, com o célebre episódio do Molecoiso… E continuaremos a fazer, porque aqui não vamos pelo caminho da política, mas mais pelo Método Científico!

Estudo científico confirma que há estudos científicos que podem ser maus para a sua saúde

Na realidade não há nenhum estudo científico que confirme que há estudos científicos que podem ser maus para a sua saúde. O que há são demasiados estudos científicos que, mesmo apresentados com todas as cautelas, depois são traduzidos nas notícias com resultados diferentes dos que o investigador pretendia.

Há também a variedade de estudos científicos que não podem provar nada por terem uma amostra demasiado pequena ou pouco variada, mas que dão indicação avançada do que poderá ser o resultado, caso alguém se digne a financiar um número maior de observações. Nesta variedade do problema, aparentemente a estatística não é algo que preocupe os meios de comunicação social.

Uma correlação de variáveis, aquilo que explicaria o que se afirma, têm de cumprir mínimos para ser estatisticamente válida. Ora, quando esses mínimos não são atingidos, o resultado não permite retirar conclusões.

O vídeo acima ilustra esta tendência de forma bastante hilariante, talvez uma forma mais simples de passar a informação de que boa ciência pode resultar em publicitação de conclusões erradas.

180º estudo: o do frigorífico avariado e dos estudos científicos que os média não leem

Podcast do Poupar Melhor

Esta semana ficamos a saber que o A.Sousa andou a tentar poupar na taxa da televisão e pode com isso ter avariado o frigorífico.

Terminamos a falar sobre estudos ciêntificos que, mesmo estando cientificamente bem concebidos, acabam por ser usados pelos media para publicitar conclusões que não podiam ter tirado.

Podem aceder aqui à lista completa de episódios do Podcast. O Podcast do PouparMelhor está também no iTunes.

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Martelar a Ciência

A etiqueta sobre marteladas é uma das minhas preferidas no Poupar Melhor. Aplicado à poupança, isso quer dizer que é importante sabermos como poupar, mas é igualmente importante saber aquelas coisas não nao servem para poupar, ou são mesmo uma fraude.

Ao ler este artigo há uns dias, fiquei a perceber que a fraude grassa muito mais pela Ciência do que aquilo que já pensava, e que aquilo que nos impingem todos os dias pode estar de tal forma inquinada, que o melhor seria mesmo não pensar nisso. Mas, como gosto muito do método científico, estou a devorar várias vertentes referenciadas no artigo, antes de as “papaguear”. Porque sim, esta pode também ser conotada com as grandes teorias da conspiração…

O artigo que referenciei acima dá um exemplo muito interessante, baseado no teorema de Bayes. Se não leram o artigo tentem ao menos acertar no paradoxo seguinte:

Suponha que está preocupado com a possibilidade de ter uma doença rara. Decide fazer um teste, e suponha que o método de teste dessa doença é correcto em 99% dos casos. Por outras palavras, se tiver a doença, o teste di-lo com 99% de certeza, e se não tiver a doença, o teste diz que não tem a doença com uma igual certeza de 99%. Suponha ainda que a doença é na verdade bastante rara, ocorrendo de forma aleatória na população em geral apenas em uma de cada 10 000 pessoas.

Chegou o momento da verdade: você abre os resultados e eles são positivos. Quais são as probabilidades de ter realmente a doença?

  • 99%
  • 98%
  • 50%
  • menos de 1%

Para ficar mais descansado, veja a resposta aqui.

Post-publication Peer Review

No seguimento da polémica envolvendo a investigadora Sónia Melo, descobri um conceito que desconhecia: Post-publication Peer Review.

Sou bastante crítico do processo actual de peer-review. No passado, abordamos a ciência a metro, bem como a referência a que metade da Ciência é falsa… Sempre defendi que a Ciência tem que se actualizar e adaptar, nomeadamente ao ritmo do Mundo Moderno.

Pois bem, o Post-publication Peer Review é um passo nesse sentido, e foi isso que permitiu “topar” a investigadora Portuguesa. Tudo começou no site PubPeer, em Agosto do ano passado, onde alguém chamou a atenção para problemas em papers da investigadora premiada. As vantagens de um site deste género foram claramente enumeradas no respectivo blog:

  • Carácter anónimo das contribuições, permite tal como no processo tradicional de peer-review, evitar personalizar a ciência, pois em determinados domínios, são tão poucos os cientistas, que qualquer contribuição poderia ser demolidora, nomeadamente em termos de resposta, abuso de poder, etc. Tal permite nomeadamente encorajar contributos, mesmo que vindos de alguém irrelevante em termos científicos.
  • A centralização nalguns sites de comentários facilita o trabalho associado, evitando nomeadamente o de ter que se percorrer muitos websites, alguns com entradas restringidas.
  • Existência de alertas, que permite seguir a investigação em determinados tópicos e publicações.

Outro site particularmente interessante é o For Better Science. A investigadora Sónia Melo também foi aí referenciada, num longo artigo. É mais limitado em termos de alcance, mas contribui para chamar a atenção para a má ciência que se faz. Aliás, os cientistas não são apenas o que produzem nova Ciência, mas os que acabam com a má Ciência. Veja-se o exemplo desta investigadora, cuja função é também catar gráficos inconvenientes, antes deles verem a luz.

É claro que o processo final passa pela retratação dos maus artigos científicos. Neste âmbito, o site Retraction Watch é uma referência. A Sónia Melo também tem uma referência, e nesse artigo se verifica que ela não gosta de comentários anónimos. Infelizmente, em Ciência, não é a personalização que interessa, mas sim a Ciência. Nada mais…