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Água gelada do Algarve

Depois do regresso de férias, e quando abordo como foram as férias com pessoas conhecidas, um dos aspetos que está a ser constantemente abordado é o da temperatura da água do mar. No Algarve, como podem ver pelo gráfico trimestral das boias do Instituto Hidrográfico a água voltou a estar gelada este ano:

Temperaturas da água do mar

Temperaturas da água do mar em Faro

Voltou, porque o ano passado foi a mesma coisa no Verão. Este ano, como estava avisado, não fui para lá… No ano passado, só quem se decidiu por uns mergulhos no final de Setembro e início de Outubro é que teve sorte! Vamos ver se é igual este ano?

Na verdade, isto seria praticamente uma não notícia, não fosse ter reparado em mais umas notícias extravagantes da Ciência por estes dias. Nesta notícia, dá-se conta da saída de dois estudos (este e este) que procuram transpor a ficção do filme “O Dia depois de Amanhã” para a realidade. Ou seja, se vier aí o “Arrefecimento Global”, a culpa é do Aquecimento Global!

Enfim, o mais interessante é cingirmo-nos aos dados. Olhando para o gráfico dos últimos anos da bóia de Faro, até parece que nos últimos dois anos temos tido as temperaturas mais altas:

Temperaturas da água do mar

Temperaturas da água do mar em Faro desde 2015

Olhando com mais atenção, para por exemplo o gráfico do último ano, percebemos que aqueles valores mais elevados parecem claramente outliers:

Temperaturas da água do mar

Temperaturas da água do mar em Faro no último ano

Voltando a olhar para o gráfico desde 2000, e descontando os outliers, percebemos imediatamente que estes dois últimos anos foram os mais frios, no que à temperatura da água do mar em Faro diz respeito. E, ainda por cima, os valores mínimos do último Inverno foram os mais baixos dos últimos 15 anos! E se depois de amanhã chegar realmente o Arrefecimento Global???

Como arrefecer as cidades?

No próprio dia em que escrevemos o artigo sobre o Aquecimento Urbano, saiu um artigo na Nature sobre como as cidades podem combater o calor. O artigo é bastante crítico dalgumas opções actuais, como a dos “telhados verdes”, pois apesar destes contribuírem para arrefecer o topo dos edifícios, nem sempre contribuem para o arrefecimento urbano.

O estudo refere que os “telhados verdes” diminuem algo a temperatura durante o dia, mas aumentam durante a noite. E afectam a precipitação também. O estudo acaba por chamar a atenção para um local que eu já conhecia, mas por outras razões…

Almeria, em Espanha, é o local com provavelmente a maior concentração de estufas no Planeta. Como se pode ver pela imagem baixo do Google Maps, a concentração das estufas produz uma superfície praticamente branca, que reflecte a luz solar. Tal é função de um nível elevado de albedo, que quase faz parecer que o local está coberto de neve. Um estudo determinou mesmo que no cenário de Aquecimento Global que se tem observado nas últimas décadas, em Almeria as temperaturas têm descido!

No artigo da Nature referido, o seu autor Hannah Hoag defende por isso que os telhados brancos, ou um aumento de albedo, poderão ser a melhor solução para o arrefecimento urbano. Por isso, o que menos interessa é expor o alcatrão, mas encontrar ambientes com um nível de albedo superior!

Estufas Almeria

Estufas Almeria

Aquecimento Urbano

Ante-ontem, a imagem do dia da NASA foi relativa a uma imagem composta dos Estados Unidos, que referencia o impacto da urbanização no clima de superfície dos Estados Unidos. A imagem é reproduzida imediatamente a seguir:

Calor Urbano nos Estados Unidos

Calor Urbano nos Estados Unidos

O artigo científico associado é intitulado “Impact of urbanization on US surface climate“, da autoria de Bounoua, et al., revela muitos pormenores interessantes. Em termos genéricos, a subida de temperaturas em centros Urbanos é muito conhecida, estimada no artigo até 3ºC, e a ela nos referimos recentemente num artigo sobre como as árvores baixam a temperatura.

Todavia, o artigo reserva algumas surpresas. Como se pode ver pela imagem, a subida de temperaturas é maior nas cidades dos Estados Unidos que são mais frias. A subida nas regiões de maior calor é menor. Esta mensagem parece-me muito semelhante à de que o Aquecimento Global nota-se mais em latitudes mais elevadas, pelo que fico com dúvidas sobre causas e consequências…

Mas o que mais me surpreendeu no artigo foi um outro gráfico, visível abaixo. Dá-nos uma ideia como varia o aumento da temperatura em ambientes urbanos, em função da área de superfície impermeável. Embora estatisticamente não seja muito relevante, pelo número reduzido de amostras, é muito interessante constatar que até 35% de área impermeável, se verifica uma subida de cerca de 1.3ºC. Mas, a partir daí a subida é vertiginosa! O que dá razão a muitos regulamentos municipais, que começam a dar muita atenção a este pormenor…

Área de superfícia impermeável

Relação entre aumento de temperatura e área de superfícia impermeável (ISA)

Árvores para baixar a temperatura

Agora que começou o mês de Agosto, e que a previsão de temperaturas dá uns dias quentes para esta primeira metade de Agosto, fico sempre a pensar porque não há mais árvores nas nossas cidades?

Na verdade, nas cidades há um fenómeno conhecido por ilha de calor urbana, e que normalmente se traduz por temperaturas mais elevadas que nos arredores. Basta pensar, por exemplo, nas múltiplas estradas de alcatrão, que naturalmente se tornam um fornozinho por estas alturas.

Na verdade, a estratégia de utilizar árvores para arrefecer as cidades é algo que começa a ser levado muito a sério, sobretudo derivado das vantagens relativamente rápidas que proporcionam. Na verdade, só quem nunca experimentou um bosque de castanheiros ou carvalhos no Verão é que não sabe dessa capacidade das árvores funcionarem como máquinas de ar condicionado.

No presente momento, a experiência mais interessante está-se porventura a desenvolver em Melbourne. Na verdade, há múltiplos estudos noutras cidades do planeta. O objectivo é baixar as temperaturas do Verão em vários graus…

Por cá, não sei qual o estado neste domínio. Alguma informação sobre as árvores em Lisboa parece muito interessante! Mas, em vez de plantarem mais, andam é no corte! Felizmente temos uma das florestas urbanas mais interessantes do Planeta, que é a floresta de Monsanto, como é reconhecido repetidamente. Mas também aí, o ataque às árvores não pára!

Assim, em vez de ficarmos com temperaturas mais amenas, vamos é ter Aquecimento Global Local!

Parque Florestal de Monsanto em Lisboa

Dimensão do Parque Florestal de Monsanto em Lisboa

Previsões meteorológicas para o Verão

Temos dado no passado bastante atenção às previsões meteorológicas. Hoje em dia, as previsões do tempo, incluindo temperatura, precipitação, vento, e outras variáveis, são bastante fiáveis a vários dias, com previsões mesmo hora a hora. Embora nunca o tenha destacado num artigo individual, já várias vezes referi que utilizo este site do IST para fazer previsões para a minha rua…

Fazer previsões de médio/longo prazo, é bem mais complicado. Quer dizer, fazer, fazem… Acertarem é outra questão!

No outro dia resolvi investigar o que haverá destas previsões na Internet. Procurei primeiro previsões que tenham sido feitas há vários meses, para agora. Gostei muito das previsões da Accuweather para a Primavera, pois como podem ver descrevem o que se tem estado a passar em Portugal relativamente bem:

Previsão para esta Primavera feita em

Previsão para esta Primavera feita em finais de Fevereiro

Segundo eles, a previsão para o Verão é de alguma chuva “benéfica”. Será que a deste fim de semana já conta???

Previsão para o

Previsão para o Verão feita em meados de Maio

Outra previsão para a Europa, embora com um enfoque no Reino Unido, é a da Weather Network. A previsão deles para a Primavera foi um bocado ambígua, no caso de Portugal. Para o Verão, parece que não vai aquecer nem arrefecer…

Previsão da Weather Network

Previsão da Weather Network

Previsões de longo prazo são também efectuados pelo Met Office inglês. Estive a olhar para elas, e para além de serem particularmente complexas de interpretar, não me parece que tenham conseguido apanhar muito bem a realidade dos últimos meses. A Organização Meteorológica Mundial enumera nesta página mais algumas instituições que fazem previsões de longo prazo. O nosso IPMA aparentemente faz umas médias de várias das instituições aí referenciadas, mas não está disponível o que foi dito no passado, para poder avaliar do acerto. O mais habitual é dizerem que não há sinal estatisticamente significativo…

Em qualquer caso, as dúvidas são muitas. Vou começar a seguir estas previsões, para verificar se há alguma que realmente se destaque? No caso dos leitores conhecerem mais algumas destas previsões, deixem nos comentários, para podermos comparar ainda mais.

Aquecimento ambiente do sótão

Este Inverno não tem sido propriamente quente, e a temperatura das nossas habitações vai refletindo isso mesmo.

Nestas alturas da Primavera, mas também do Outono, diariamente sigo as previsões meteorológicas, no sentido de verificar as previsões dos dias seguintes. O objectivo é aproveitar os dias de maior calor, para armazenar esse calor, para os dias mais frescos que se seguem. Tal foi o caso do passado fim de semana, que serviu para ventilar a casa, mas sobretudo para a aquecer. Como nos próximos dias, a temperatura ambiente vai estar mais fresca, a casa manterá algum do calor armazenado.

O gráfico abaixo diz respeito às temperaturas do sótão, que é neste período do ano a mais fria da casa, mas com dados respeitantes ao fim de semana da Páscoa. A temperatura ambiente é dada pela linha a azul, enquanto a linha a vermelho refelecte a temperatura junto da janela.

No dia 4 de Abril, abri as janelas, e verificou-se uma subida substancial da temperatura interna, a azul. A temperatura junto da janela, a vermelho, tem uma variação muito mais semelhante à exterior, como já havíamos mostrado neste artigo.

Variações temperatura sótão

O que a imagem acima reflecte é que a subida da temperatura durante esse dia 4 terá representado uma subida global de cerca de um grau. Para chegar a essa conclusão, note-se na variação dos dias subsequentes, para ver qual seria o comportamente no dia 4, se não se tivessem aberto as janelas.

Obviamente, esta gestão só é desejável, quando nos dias seguintes se aproximam dias mais frescos, que o gráfico também evidencia. Mas, não tardará muito para que a gestão passe a ser a contrária. E aí o objectivo será que o calor não entre…