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Segunda Circular: Campo Grande – Aeroporto

Há uma coisa positiva no projecto da Câmara de Intervenção na Segunda Circular: não se enganaram no diagnóstico dos problemas que afectam a Segunda Circular, os quais são aliás bem conhecidos. Na verdade, todavia não os vamos tratar de forma igual, pois vamos juntar dois, e tentar também abordar outro, não abordado no projecto da Câmara.

Os problemas da Segunda Circular podem ser divididos em dois: aqueles que derivam da entrada de trânsito da periferia na cidade de manhã, e aqueles que derivam da saída desse mesmo trânsito, tipicamente no final do dia.

Os problemas que envolvem a saída são quase sempre mais fáceis de tratar. E esse é o caso também na Segunda Circular. Não é preciso perceber muito de Teoria de Filas para saber que quando n filas estão no seu limite, se adicionarmos mais trânsito a essas mesmas filas, tudo se vai complicar. Por isso, a resolução do problema de saída da Segunda Circular para Norte, pela A1, é extremamente simples de resolver!

O problema começa quase sempre quando o trânsito que passa pelo viaduto do Campo Grande em direcção ao Aeroporto recebe o trânsito que vem do Campo Grande (1), a maioria originado no eixo Avenida da República/Campo Grande. A solução simples consiste em prolongar esse trânsito de entrada até onde o problema desaparece, sensivelmente em frente ao Terminal 2 do Aeroporto (2):

Proposta entre Campo Grande e Aeroporto (clique para ver melhor)

Proposta entre Campo Grande e Aeroporto

[NOTA: Pf. não impliquem com a qualidade dos “bonecos”. Cliquem para ver melhor. As imagens foram retiradas do Google Maps, e as anotações feitas em Paint!]

Entre a entrada do Campo Grande (1) e depois da Bomba da Repsol (2), a Segunda Circular passaria a ter quatro vias, as quais entroncariam no local de saída para a Av. Marechal Gomes da Costa, local que aliás manteria as cinco vias actuais. Daí para Norte, até à A1, só há problemas com o entroncamento na CRIL, que necessita urgentemente de outra intervenção simples!

A obra teria um impacto mínimo no trânsito, e um custo baixíssimo! A única obra de arte seria o prolongamento do túnel (3), que liga a rotunda das Calvanas (5) à rua das Murtas (6). Essa obra de arte deveria já contemplar alterações que venham a ser necessárias introduzir no futuro, dado que é um túnel particularmente estreito.

Adicionalmente, teriam que ser ligeiramente alteradas as vias de aceleração/abrandamento. As vias de aceleração extremamente curtas são um dos factores que mais prejudica o trânsito na Segunda Circular, uma vez que os automóveis não têm forma como acelerar! Assim, vias de aceleração bastante maiores diminuem o congestionamento, reduzem a poluição e consideravelmente a probabilidade de existirem acidentes.

Neste troço não se coloca sequer o problema de espaço. Ele abunda e representa essencialmente a parte traseira do LNEC (4). Na verdade, a própria existência de pessoas no local deve ser uma dor de cabeça para as Autoridades com responsabilidades aeronaúticas, que a última coisa que devem querer é ter mais pessoas a trepar às árvores

Ainda assim, não falta espaço para colocar as árvores que a Câmara tanto quer colocar na Segunda Circular. Desde que se abstenham de as colocar no separador central, o qual só aumentaria os custos da obra, não só directa como indirectamente, bastando pensar no tempo que a Segunda Circular teria que parar para efeitos de obras. Assim, é praticamente só colocar uma camadinha de asfalto.

A maioria dos leitores interrogar-se-á porque não abordei neste troço a faixa de rodagem no sentido Aeroporto -> Campo Grande. A razão é relativamente simples: quem condiciona o trânsito aí é o viaduto do Campo Grande, pelo que se me afigura desnecessário sequer intervir neste troço. A excepção claro é plantar as árvores que a Câmara tanto deseja. Absenho-me igualmente de me referir à confusão da rotunda das Calvanas (5), que liga à Alta de Lisboa. Pessoalmente, acho que a solução deverá passar por um túnel, de que se fala no âmbito da reestruturação da operação do Aeroporto, conjugada com uma rotunda na parte sul da Segunda Circular, onde actualmente é a entrada Norte para o Parque da Saúde (6). Esta opção eliminaria mesmo a necessidade da actual rampa manhosa de entrada na Segunda Circular (7), a oeste dessa rotunda. Em qualquer caso, as adaptações propostas não deverão condicionar opções futuras.

168ª proposta: o da consulta pública sobre a segunda circular

Podcast do Poupar Melhor

Esta semana o A.Sousa vem apresentar-nos as suas propostas para solucionar o problema da segunda circular e não inclui plantar árvores. A consulta pública da Câmara Municipal de Lisboa vai terminar esta semana e quisemos deixar propostas alternativas.

Podem aceder aqui à lista completa de episódios do Podcast. O Podcast do PouparMelhor está também no iTunes.

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Segunda Circular

Esta capa despoletou a discussão

Esta capa despoletou a discussão

Há coisas que me tiram do sério. Esta ideia de um novo projecto para a Segunda Circular é das coisas mais estupidificantes que vi nos últimos tempos! Mas, o que mais me chateou é que parece que o objectivo era ninguém topar a coisa, e ela passar incólume… Na verdade, pesquisando no Google, encontramos notícias mais antigas, mas foi só com a capa do Diário de Notícias de dia 5 que a polémica estalou. Ainda assim, com tantos poucos dias, vamos tentar dar aqui o nosso contributo, para fazer ver à Câmara que estão a ir claramente pelo caminho errado!

Antes de mais, é preciso que quem queira dar o seu contributo, o faça de acordo com as indicações da página desta proposta no site da Câmara de Lisboa.  O texto não é absolutamente claro, mas parece ser necessário preencher este impresso e enviá-lo para o email dmpo@cm-lisboa.pt

Quase todos os posicionamentos que se vão conhecendo, são no sentido de destruir quase completamente os argumentos da Câmara. O do presidente do ACP era esperado, e não se fica por meias palavras: “Só uma pessoa que não percebe absolutamente nada ou que quer prejudicar a vida das pessoas é que pode pensar em fazer um projeto daqueles”. Menos esperada é a posição de Manuel João Ramos, presidente da Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados, que refere que esta proposta da Câmara vai causar engarrafamentos monumentais, tem um tráfego pesadíssimo”. Assim, de repente, são vários os aspectos bastante reprováveis na proposta:

  • Não há qualquer análise de impacto económico da proposta, para além de se saber que se vão torrar cerca de 10 milhões de euros.
  • A preocupação principal parece ter sido fazer uns renders bonitos. Basta ver o render do final da Azinhaga das Galhardas para perceber que se a Câmara quisesse ter aquilo verdinho, tinha. Ou o render é da Primavera, e a foto actual do final do Verão?
  • A Câmara parece preocupada com a geração de poluição. Na verdade, muita da poluição que é gerada a mais resulta do pára-arranca. Resolvido esse problema, a poluição baixaria drasticamente. Adicionalmente, toda a gente sabe que quase todos os carros modernos são mais eficientes a 80 Km/h do que a 60 Km/h.
  • Se a preocupação é a de plantar árvores, já podiam ter começado há muito tempo. Basta olhar para o render do nó da Segunda Circular com o Eixo Norte Sul, para perceber que as árvores já podiam estar lá há muito! Aliás, podiam ter evitado cortar uma série delas, como as que foram retiradas da envolvente do Estádio da Luz.
  • A argumentação de que a velocidade média é de 45.7 Km/h, e de que portanto a redução da velocidade máxima de 80 Km/h para 60 Km/h não terá impacto, é patética. A velocidade média da segunda circular é baixa porque falta resolver os seus vários problemas. Quando esses problemas estiverem resolvidos, a velocidade média pode aumentar significativamente, até porque a velocidade de projecto da segunda circular é porventura mesmo superior a 80 Km/h em vários dos seus troços.
  • A alienação do aeroporto da cidade de Lisboa é inqualificável! Então agora vai-se privilegiar os acessos do aeroporto para a CRIL, desvalorizando o acesso à cidade? Os taxistas do aeroporto agradecem!
  • Se a ideia é que o tráfego destinado à A1 norte seja retirado para o Eixo Norte Sul, porque é que estas placas ainda lá estão (primeira imagem)? Aliás, porque estão ainda lá no render (segunda imagem)???
Fácil "melhorar" esta placa...

Fácil “melhorar” esta placa…

A placa vai continuar lá???

A placa vai continuar lá???

Na verdade, esta proposta faz-me lembrar outra que causou grande inconveniente à cidade: a ponte pedo-ciclável sobre a segunda circular, nas imediações das Torres de Lisboa. Para quem ainda se lembra, e utiliza aquele troço da segunda circular, foi um inferno durante vários meses! Para quê? Na verdade, há dias o Público contou que esta obra sem sentido serve para 20 peões e 2 ciclistas por hora.

Nesse sentido, aqui no Poupar Melhor vamos fazer um conjunto de propostas simples, baratas, e que resolveriam rapidamente os problemas da Segunda Circular. Depois, vamos juntar isso tudo e enviar para a Câmara. Se entretanto quiserem contribuir com ideias, não deixem de nos as fazer chegar, ou à Câmara…

Sinal vermelho para especialistas

Sou um grande crítico da forma como é gerido o trânsito na atualidade. E quanto mais assisto, mais deprimente é o espectáculo. O problema é que não é só por cá, é por todo o lado!

O problema a seguir tem a ver com semáforos. Montes de semáforos! Eu tenho uma ideia que isto dos semáforos tradicionais é uma coisa estúpida, que já devia ter passado de moda! É por causa dos semáforos que levamos com montes de poluição pela goela abaixo!

Mas, se houvesse dúvidas, chegou-nos mais um exemplo hilariante do Reino Unido. Em Beverley, East Yorkshire, há um cruzamento um pouco complexo. Uma amostra é dada pela seguinte imagem, retirada daqui:

montes de semáforos

montes de semáforos

Mas, são muitos mais! 42 ao todo, como se pode ver na imagem aérea abaixo. Na verdade, esta aberração resultou de uma substituição de uma rotunda, num plano mais alargado, em que se estoiraram 22 milhões de libras. Razão tinha uma televisão alemã para ir filmar esta maluqueira:

42 semáforos!!!

42 semáforos!!!

Há uns dias, os semáforos deixaram de funcionar. Os “especialistas” de tráfego não conseguem explicar porque é que agora desapareceram os congestionamentos e o tráfego flui mais depressa! Não houve um único acidente desde então. Na verdade, o artigo do Daily Mail dá conta de mais exemplos em que o desaparecimento de semáforos deu conta de filas monumentais!

Autoestradas do Sul de Portugal

No outro dia saiu um artigo muito interessante na Visão. Nesta época de Verão, em que muitos rumam ao Algarve, dá sempre jeito uma autoestrada, ou várias! Na verdade, o artigo fala das autoestradas desertas, que realmente só tem algum tráfego por esta altura… Coisa que as previsões optimistas não parecem ter previsto, mas que já foram confirmadas pelas entidades oficiais.

A mim, este estudo de um grupo de investigadores do IST, liderado por Jorge Paulino Pereira, e Ana Guerreiro, não me surpreende nada. Afinal, já tínhamos chegado a conclusões muito semelhantes neste artigo de 2013. As poucas diferenças existentes tem a ver com os valores de TMD (Tráfego Médio Diário), tendo nós utilizado 10 000, enquanto os investigadores do IST utilizaram 15 000.

O estudo, que parece não estar ainda concluído, deverá estar publicado até final do ano. Ainda assim, o artigo tem mais alguns dados interessantes, pelo que vale a pena lê-lo. Para lerem o artigo completo, ele está disponível num site do IST.

aewe

Tráfego nas autoestradas do sul de Portugal

Esticando limites pela EMEL

Num dos artigos que referenciamos a propósito do disparate das bicicletas partilhadas em Lisboa, registei um dos parágrafos aí presentes:

  • “Hoje em dia é até com algum agrado que verificamos que muitas juntas de freguesia e muitas associações de moradores clamam pela presença da EMEL, porque quando a empresa chega o estacionamento é ordenado”, salientou o responsável, que sucedeu a António Júlio de Almeida, após este ter sido demitido pelo município em fevereiro.

Registei porque há inúmeros casos em Lisboa onde a EMEL entra, e só sai asneira! Os moradores até podem ficar satisfeitos, até porque normalmente podem usufruir de estacionamento de borla. Os outros, que se lixem!

Um bom exemplo é a “expansão” da EMEL à volta da Loja do Cidadão das Laranjeiras em Lisboa. Como podem ver pela imagem abaixo, que tirei há poucos dias, a EMEL ordenou completamente o estacionamento, ao ponto dos carros terem fugido para outro lado! Pelo menos para trás da placa onde se indica que se começa a pagar… E haverá uma associação qualquer de moradores a clamar, ao lado, para que a EMEL aí chegue?

Quando perceberem que é o pequeno comércio que sofre, que os serviços fogem para a periferia da cidade, etc, etc., não se venham queixar!

E até podem invocar que é uma medida “verde”, mas eu dou por mim a fazer mais quilómetros, e a servir-me agora de uma Loja do Cidadão com parque de estacionamento coberto, sem pagar, em Odivelas. Contribuo com mais poluição, sou menos “verde”, mas não contribuo para o peditório da EMEL… Ah, e sou atendido em menos tempo!

Estacionamento ordenado da EMEL

Estacionamento ordenado da EMEL