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Poupar nos pneus e no ecovalor

Esta semana, esta notícia chamou-me a atenção, e nela a Directora da Valorpneu queixa-se que os Portugueses estão a usar os pneus até ao limite. E continua com uma constatação de que a quantidade de pneus usados que vão para reciclagem continua a descer. Porque é que isto é um problema para a Directora, Climénia Silva? Ela explica:
  • Continuamos com uma diminuição das quantidades tratadas e também uma redução do nosso financiamento, pois se o mercado está em queda, o nosso financiamento também cai

Ora, aí está! O problema não é o da segurança, ou outro qualquer. É do ecovalor, uma taxa que se paga sempre que se compra um pneu novo! Cada vez que colocamos 4 pneus novos num carro, essa taxa leva-nos quase 5 euros! E é essa taxa que financia a Valorpneu. A Directora explica também que há uma tendência para o crescimento do mercado paralelo. Por isso é que incentiva a delacção dos prevaricadores.

Tal como em outros exemplos que temos vindo a relatar, enquanto os Portugueses se adaptam às condições difíceis em que vivemos, há todo um conjunto de Instituições que pretendem que nada se passa. Ainda, por cima, sendo uma sociedade por quotas, sem fins lucrativos. Enquanto os Portugueses se esforçam por dar uma maior longevidade aos seus pneus, com alguns truques, como os que aqui temos referido, a Valorpneu está provavelmente mais preocupada com o facto da sua licença terminar a 31 de Dezembro deste ano.

E apesar de uma subida que foi de 20% o ano passado, para os pneus dos ligeiros de passageiros, é provável que queiram mais. Por isso, como o Governo quer arranjar sítios onde cortar, que tal cortar nesta taxa no final deste ano?

Afinal, mais de um quarto dos pneus em 2011, e também em anos anteriores (ver página 48 do Relatório Anual & Contas), foram incinerados nas cimenteiras. E como no artigo que referimos acima se diz que o pneu “é um combustível alternativo com muita qualidade com níveis caloríficos semelhantes aos carvão“, facto que me parece evidente, então as cimenteiras que paguem a taxa. Melhor, que recolham directamente os pneus, e ainda nos dêem algum dinheiro por isso, em vez de termos que pagar mais uma taxa!

dilbert pneus

Crie uma consola com um computador e alguns smartphones

Super Sync Sports da Google

Super Sync Sports da Google

Se estiverem entediados com os amigos e quiserem rapidamente gerar uma consola multi-jogadores, juntem o Chrome dos Smartphone dos amigos que estejam na mesma rede WiFi com o Chrome num computador e desfrutem de uma olimpíadas de dar ao dedo.

A Google tem alguns dos nossos sítios preferidos da Internet por tudo o que está a mudar em torno da forma como a própria Google se coloca no mercado.

Há algum tempo que se fala de como a Google quer ter uma consola de jogos, que o Android era na realidade um sistema operativo para câmaras fotográficas, mas a Google tem mais ideias e está sempre a testá-las. Com o Super Sync Sports da Google estamos mais próximos de ver o que uma consola de jogos aliada a um smartphone pode dar-nos.

 

Quando consumo desce, preço sobe!

A loucura da argumentação na regulação dos preços em Portugal parece não parar! Já o havíamos evidenciado para a justificação confusa nas subidas do preço da electricidade. Por um lado, nos últimos anos temos levado com um bombardeamento sobre a eficiência energética, e a coisa reforça-se para os próximos anos, com a recente aprovação do PNAEE 2016. Por outro, os Portugueses têm respondido, baixando os seus consumos. E no final, pagamos mais pela electricidade, porque poupamos mais???

A ERSE reincide agora, desta vez na vertente do gás natural. A ERSE propõe que a subida do gás natural, a vigorar de Julho deste ano até Junho do próximo ano, seja de 3.9%, para todos aqueles que consumam menos de 10000m3. A variação proposta na tarifa social é menor. Uma das principais justificações para essa subida é a seguinte, retirada do link anterior:

  • Outro aspeto a ter em consideração refere-se à quebra do consumo de gás natural em 2011, e não antecipada plenamente no cálculo das tarifas para 2011-12. O desvio tarifário daí resultante é repercutido entre os diferentes agentes, refletindo-se parcialmente nas tarifas de acesso às redes de 2013-14.

Inicialmente, nem pensei muito no assunto. Mas depois pensei em quanto teria sido a descida de consumo? Fui procurar na DGEG tais descidas de consumo, e o que encontrei é muito curioso! Nas últimas estatísticas rápidas dos combustíveis fósseis, na página 7 aparecem muitos dados, e a seguinte explicação:

Dados de consumo de gás natural da DGEG

Dados de consumo de gás natural da DGEG

Se se fizer o gráfico para o consumo desde meados de 2009, a partir dos mesmos dados da DGEG, obtém-se o gráfico abaixo. Por aqui se confirma a validade da constatação da DGEG, pois o consumo de gás natural tem vindo a subir, com excepção do utilizado na produção de energia eléctrica.

Consumo de gás natural diminuiu na produção de energia eléctrica

Consumo de gás natural diminuiu na produção de energia eléctrica

Tal confirmação pode-se obter também na REN, onde na última Informação Mensal Relativa ao Sistema Electroprodutor se pode ler:

  • Em 2012 as centrais a carvão funcionaram a 83% da capacidade disponível enquanto as centrais a gás natural apenas a 17%.

A tal não é certamente alheio a cada vez maior penetração das energias renováveis em Portugal. Em função disso, as centrais a gás natural deixam de produzir e consumir gás natural, o que parece uma coisa boa. E, em função disso, a ERSE dá-nos uma marretada no preço e propõe-se subir o preço do gás natural, para nós consumidores. O que parece uma coisa boa torna-se numa coisa má! A única parte boa deste filme é que isto é ainda uma proposta ao Conselho Tarifário, que tem até 15 de Maio para emitir um parecer. Será que ainda alguém vai a tempo de lhes abrir os olhos?

Mais uma biblioteca pública, agora numa antiga cábine telefónica e em Portugal

A mais pequena biblioteca pública do país mora numa cabine telefónica via Publico

A mais pequena biblioteca pública do país mora numa cabine telefónica via Publico

Já aqui reportámos muitas iniciativas de Outras pequenas bibliotecas livres com partilha de livros. Umas para partilhar livros escolares, outras para partilhar livros outras leituras.

O amigo Ricardo C. enviou-nos mais uma biblioteca, agora numa cabine telefónica à inglesa em Barcelinhos que encontrou no PÚBLICOA mais pequena biblioteca pública do país mora numa cabine telefónica”:

Instalada na margem esquerda do rio Cávado, uma antiga cabine telefónica foi convertida na mais pequena biblioteca pública do país. Inaugurada a 27 de Março, a “micro-biblioteca” tem sido elogiada por utentes e vizinhos.

A criação deste equipamento cultural decorre do programa Livros do Cávado,  uma parceria pioneira entre a Junta de Freguesia de Barcelinhos, a Câmara de Barcelos e a Fundação PT. Segundo o presidente da junta, José Peixoto, a ideia é “dinamizar a zona ribeirinha” da freguesia, “complementar a biblioteca da junta” e “incentivar a leitura”. “Deve ser uma montra da nossa biblioteca interior”, acrescentou.

 

Preços da electricidade 2001-2013

Nos últimos dias, tem sido um Mundo Novo o que tenho descoberto sobre os temas da electricidade em Portugal. A coisa começou quando soube que a electricidade ia baixar baixou em Espanha cerca de 6.5%. No mesmo dia em que saiu esse artigo, o Jornal de Negócios anunciava que o preço da electricidade havia baixado 16% desde 2005! Depois de reunir alguns dados, fiz o artigo em que se evidencia claramente, com base nos dados da ERSE, que a subida é ininterrupta desde o mesmo ano de 2005

Acontece que, depois de ler esse artigo várias vezes, e de olhar também várias vezes para o gráfico da ERSE, reparei que alguma coisa não batia certo! Em particular, não se notava a tremenda subida do IVA na electricidade, que ocorreu ainda em 2011. Ainda pensei que pudesse tratar-se de valores sem IVA, mas rapidamente também concluí que também isso não podia ser!

O passo seguinte foi olhar para as facturas e confirmar que os dados não batiam efectivamente certos. E daí a fazer o gráfico abaixo, foi muito tempo perdido:

Evolução Preços electricidade 2001-2013

Evolução Preços electricidade 2001-2013

O gráfico reflecte a evolução do preço da electricidade (em €/kWh) entre 2001 e 2013, para consumidores com uma potência de 3.45 kW (a maioria dos clientes domésticos), com IVA incluído. Estão disponíveis os valores para a tarifa simples e bi-horária. Os valores em si, estão disponíveis na tabela no final deste artigo.

Conseguir estes dados, sem ser por facturas, foi uma autêntica aventura! Na Internet, a história dos preços da electricidade praticamente desapareceu. Os dados mais recentes são retirados do site da ERSE. Todavia, esta não disponibiliza no seu site os valores anteriores a 2008. Foi preciso recorrer ao “Museu da Internet“, com dados do site da EDP no ano 2007. Mas antes desse ano, as tarifas estavam aí bem escondidas, e o archive.org não deu com elas. O Diário da República Electrónico foi uma opção, enquanto o site da EDA aloja um documento da ERSE que esta não disponibiliza. Pelo meio, no site da ERSE ainda se encontra mais um, mas para os mais antigos é mesmo necessário aceder novamente ao archive.org, neste caso no arquivo da ERSE.

Assim, foi-nos possível reconstruir verdeiramente a série que evoca a evolução dos preços da electricidade desde 2001. Quem o quiser fazer para outras tarifas, pode igualmente fazê-lo consultando os links que disponibilizamos. Pelo menos assim, não será tão fácil enganar-nos com percentagens de subidas e descidas irrealistas:

Data IVA Tarifa Simples Fora de Vazio Vazio
01-01-2001 5% 0.0893 0.0893 0.0498
01-01-2002 5% 0.0920 0.0920 0.0503
01-01-2003 5% 0.0945 0.0945 0.0517
01-01-2004 5% 0.0965 0.0965 0.0528
01-01-2005 5% 0.0988 0.0988 0.0540
01-01-2006 5% 0.1011 0.1011 0.0552
01-01-2007 5% 0.1077 0.1077 0.0584
01-09-2007 5% 0.1071 0.1071 0.0582
01-01-2008 5% 0.1143 0.1132 0.0614
01-01-2009 5% 0.1211 0.1233 0.0663
01-01-2010 5% 0.1285 0.1382 0.0742
01-07-2010 6% 0.1285 0.1382 0.0742
01-01-2011 6% 0.1326 0.1448 0.0778
01-10-2011 23% 0.1326 0.1448 0.0778
01-01-2012 23% 0.1393 0.1551 0.0833
01-01-2013 23% 0.1405 0.1641 0.0870

Electricidade tem baixado ou subido?

Há “narrativas” que verdadeiramente me incomodam. Há uma semana abordavamos a perspectiva intrigante de porque não baixava o preço da electricidade em Portugal. No mesmo dia, reparei que o Jornal de Negócios trazia uma “narrativa” verdadeiramente duvidosa, afirmando que o “Preço da electricidade doméstica em Portugal caiu 16% desde 2005”. Quando vi a referência a 2005, e o enquadramento político da semana, percebi logo o propósito do artigo.

Como consumidor, há coisas que são fáceis de perceber. E se há coisa que não tem parado de subir há muitos anos, é o custo da energia. E não é sequer difícil desmontar mais esta narrativa. Basta ir ao site da ERSE, a entidade reguladora do sector, e perceber como tem sido a evolução do preço da energia ao longo dos últimos anos. Note-se que o preço pago pelos consumidores domésticos é o que no gráfico aparece na legenda como BTN:

Custos Electricidade Portugal 1990-2012 - Preços Correntes

Custos Electricidade Portugal 1990-2012 – Preços Correntes

Alguém consegue perceber onde está a descida de 16% desde 2005??? Ainda se poderia invocar uma comparação a preços constantes. Na ERSE também se percebe que nesta forma de cálculo, é justamente a partir de 2005 que se dá uma inflexão, justamente no sentido contrário ao “narrado” pelo Jornal de Negócios:

Custos Electricidade Portugal 1990-2012 - Preços Correntes

Custos Electricidade Portugal 1990-2012 – Preços Constantes

Felizmente, quando a poupança é baseada em números, é fácil perceber como as “narrativas” estão engatadas. E, por favor, não façam de nós parvos… Sobretudo daqueles que têm consciência de quanto temos pago ao longo dos anos!